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A Morte de Mozart: Causas e Conspirações

Wolfgang Amadeus Mozart, cujo nome ressoa através dos séculos como um dos maiores e mais influentes compositores da música clássica, teve sua vida marcada tanto pelo brilhantismo artístico quanto por uma morte envolta em mistério e especulações. Nascido em Salzburgo, em 1756, Mozart foi reconhecido desde cedo por sua prodigiosa habilidade musical. Sua obra abrangeu uma grande diversidade de gêneros, incluindo sinfonias, óperas, concertos e música de câmara, consolidando um legado que perdura até os dias de hoje.

O talento de Mozart não passou despercebido durante sua vida. Ele foi aplaudido por públicos e patrocinadores por toda a Europa e deixou uma profunda marca na história da música. Sua habilidade em expressar emoções humanas complexas através das notas musicais e sua contribuição para o desenvolvimento da forma sinfônica e concerto são atributos que definem sua genialidade. Apesar disso, a vida de Mozart foi também pontuada por dificuldades financeiras e de saúde, que eventualmente o levaram a um estado de saúde debilitado e à sua precoce morte aos 35 anos de idade.

A questão de como um gênio tão sublime pôde ter sua vida abreviada de maneira tão abrupta tem sido alvo de debates e teorias desde sua morte, em 1791. As circunstâncias que cercaram seu falecimento provocaram uma série de especulações e teorias conspiratórias. A falta de um diagnóstico médico conclusivo à época, a subseqüente perda de registros e a decomposição de seu corpo tornaram ainda mais difícil determinar as exatas causas de sua morte.

Este artigo busca mergulhar nos detalhes da vida, obra e morte de Mozart, expondo as numerosas teorias que cercam seu falecimento, as conspirações que inflamam a imaginação popular e os exames post mortem que tentam lançar luz sobre este enigma histórico. Adicionalmente, examinaremos o legado de Mozart e sua perene influência na música clássica, oferecendo uma reflexão sobre a relevância de sua obra e o impacto de sua morte prematura.

Introdução à vida e obra de Mozart

Wolfgang Amadeus Mozart nasceu em 27 de janeiro de 1756, numa Europa repleta de mudanças sociais e artísticas. Filho de Leopold Mozart, um compositor e violinista da corte de Salzburgo, e Anna Maria Pertl, Mozart foi uma criança prodígio. Antes mesmo de completar cinco anos, ele já compunha suas primeiras obras e demonstrava uma compreensão extraordinária da música. Juntamente com sua irmã Nannerl, Mozart viajou por toda a Europa, apresentando-se para aristocratas e membros da realeza, incluindo a imperatriz Maria Teresa.

  • Sinfonias: Wolfgang escreveu 41 sinfonias ao longo da sua carreira.
  • Óperas: Compôs 22 óperas, incluindo “As Bodas de Fígaro”, “Don Giovanni” e “A Flauta Mágica”.
  • Concertos: Criou mais de 50 concertos, destacando-se os para piano e para outros instrumentos.
  • Música de câmara: Produziu uma grande quantidade de quartetos, quintetos entre outras peças de câmara.
  • Obras sacramentais: Também dedicou-se à composição de missas e outros trabalhos sacros.

Sua contribuição para a música ocidental é vasta e multifacetada. Mozart era um mestre na criação de melodias que eram tanto imediatamente acessíveis quanto estruturalmente complexas, e suas obras frequentemente exibiam um equilíbrio impressionante entre expressão emocional e perfeição formal. Ele foi pioneiro no uso do claro-escuro emocional em suas composições, alternando passagens de grande alegria com momentos de profunda tristeza, muitas vezes no contexto da mesma peça.

A sucessão de empregos na corte e a necessidade de atender a exigências de patronos específicos foram fonte de frustração para Mozart, que ansiava por independência artística. Suas relações profissionais eram frequentemente tenras e sua situação financeira instável, o que o obrigava a uma incessante busca por comissionamentos e oportunidades de apresentação. Essas constantes preocupações financeiras, juntamente com sua saúde declinante, desempenhariam um papel significativo nos seus últimos dias.

Os últimos dias de Mozart

Os últimos meses de vida de Mozart estiveram cheios de atividade, apesar de sua saúde estar claramente comprometida. Em setembro de 1791, ele estreou “A Flauta Mágica” em Viena, que foi recebida com grande aclamação. No entanto, sua saúde continuava a se deteriorar, e ele foi atingido por uma doença que o deixou inchado, com febres e dores intensas. Durante este período, ele estava envolvido na composição do “Réquiem”, que se tornaria uma das obras mais especuladas em relação à sua morte.

A situação de saúde de Mozart, nas últimas semanas antes de sua morte, foi marcada por:

  • Febres frequentes e severas
  • Inchaço, especialmente nas mãos e pés
  • Dores intensas e cansaço profundo
  • Aparições de um desconhecido encomendador do “Réquiem”, o que agravou o seu estado psicológico

Além do “Réquiem”, Mozart trabalhou em outras peças durante seus últimos meses, incluindo a “Cantata Masonica” e o “Concerto para Clarinete”. A despeito de sua fragilidade, seu brilhantismo criativo não se extinguia. No dia 5 de dezembro de 1791, rodeado de sua família e amigos, Mozart faleceu. Seu corpo foi sepultado em uma cova comum, uma prática comum na época para pessoas com dificuldades financeiras, o que dificultou quaisquer inspeções futuras.

O enterro modesto de Mozart e a ausência de uma celebração fúnebre adequada a um artista de seu calibre alimentaram a narrativa de que fora uma morte não apenas trágica, mas também negligenciada pela sociedade de seu tempo. A causa exata de sua morte permaneceu desconhecida, e com o passar do tempo, especulações e lendas começaram a surgir.

Teorias sobre a causa da morte de Mozart

Ao longo dos anos, diversas teorias foram propostas para explicar o que causou a morte prematura de Mozart. Alguns historiadores sugerem que ele possa ter sido vítima de uma doença infecciosa comum à época, como a febre escarlate ou a varíola. Outros sugerem possibilidades menos comuns, desde envenenamento até doenças renais ou cardíacas crônicas.

Doença Sugerida Justificativa
Febre Reumática Recorrência de doenças reumáticas na infância
Tricomoníase Relatos de inchaço e dores
Insuficiência Renal Edemas observados nos últimos dias
Envenenamento por Metais Uso comum de metais pesados na medicina da época

Não obstante, a falta de um diagnóstico moderno e a ausência de registros médicos confiáveis fazem com que toda e qualquer teoria permaneça no campo da especulação. O relato do seu próprio médico, o Dr. Thomas Franz Closset, foi vago, referindo-se à causa da morte como “febre miliar”, um termo que naquela época era usado para descrever sintomas não específicos e febres.

A teoria do envenenamento ganhou notoriedade, especialmente a ideia de que Antonio Salieri, um contemporâneo compositor e rival de Mozart, poderia ter sido o responsável. No entanto, essa teoria é amplamente descartada hoje em dia, sendo considerada mais um produto da imaginação do que uma possibilidade real.

Conspirações e controvérsias

Não é de hoje que a morte de figuras célebres provoca teorias de conspiração, e a morte de Mozart não é exceção. De acusações de assassinato maçônico ao mito do envenenamento por Salieri, diversas histórias ganharam vida na imaginação popular e na cultura pop.

  • Assassinato Maçônico: Dada a associação de Mozart com a Maçonaria, alguns crêem que sua morte foi um ato orquestrado pela organização, possivelmente devido a segredos revelados em “A Flauta Mágica”.
  • Envenenamento por Salieri: A mais famosa teoria, popularizada por peças e filmes como “Amadeus”, sugere que a inveja conduziu Salieri a envenenar Mozart, embora não haja evidências substanciais para corroborar essa alegação.
  • Efeitos Colaterais de Tratamento Médico: Outro ângulo sugere que práticas médicas da época, como a sangria e o uso de substâncias tóxicas, possam ter exacerbado sua condição.

Conspirações à parte, os historiadores tendem a concordar que é mais provável que a morte de Mozart tenha sido o resultado de uma doença comum, potencialmente agravada por tratamentos da época, que eram rudimentares e arriscados.

Exames post mortem e novas descobertas sobre a morte

A ausência de um exame post mortem detalhado e a prática das sepulturas coletivas significam que não há uma prova definitiva da causa da morte de Mozart. No entanto, os estudos retrospectivos e as análises históricas podem fornecer pistas. Em 2009, pesquisadores da Universidade Médica de Viena propuseram que a causa mais provável era uma complicação de estreptococo, com base em registros de um surto epidêmico em Viena na época da morte de Mozart.

Análise histórica:

  • Registros de epidemias na época da morte de Mozart
  • Comparação com sintomas de outras mortes registradas
  • Revisão de práticas médicas contemporâneas

Estes estudos oferecem uma perspectiva baseada no que era conhecido sobre patologias e tratamentos na época, e ajudam a desvendar um pouco do mistério. Contudo, a ausência de restos mortais que possam ser submetidos a testes modernos como a análise de DNA deixa qualquer conclusão como meramente hipotética.

Legado de Mozart e sua influência na música clássica

Mozart deixou uma marca indelével no mundo da música. Sua habilidade única de combinar melodias líricas com intrincadas linhas harmônicas e contrapontísticas resultou em um corpo de trabalho que é celebrado por sua genialidade técnica e beleza emocional. Sua influência pode ser vista na obra de muitos outros grandes compositores, incluindo Beethoven, que admirava profundamente a obra de Mozart e foi claramente influenciado por ela.

  • Inovação: Introduziu novas estruturas e formatos na sinfonia e no concerto.
  • Expressão: Foi mestre na evocação de uma ampla gama de emoções através da música.
  • Pedagogia: Suas peças são regularmente usadas para instrução musical em todo o mundo.

Mozart também desempenhou um papel fundamental na popularização da ópera como um meio de contar histórias dramáticas e envolventes, usando a música para acentuar a profundidade dos personagens e a intensidade do drama. “As Bodas de Fígaro”, “Don Giovanni” e “A Flauta Mágica” continuam a ser algumas das óperas mais realizadas em todo o mundo.

Considerações finais e reflexão sobre a morte prematura do gênio

A morte precoce de Mozart é, indubitavelmente, uma das maiores tragédias da história da música. Sua partida nos privou de potenciais décadas de futuras obras-primas e desenvolvimento artístico. No entanto, mesmo em sua breve existência, ele foi capaz de enriquecer o mundo com um legado incomparável de obras musicais que continuam a encantar, desafiar e inspirar.

Debates e conjecturas à parte, o que permanece incontestável é a magnitude do seu talento e a influência que ele exerceu e continua a exercer sobre a música e sobre aqueles que a apreciam. A celebridade e o fascínio em torno de sua pessoa e sua morte atestam o quão profundamente ele tocou a vida das pessoas com sua arte. A busca pela verdade sobre sua morte é, em muitos aspectos, um reflexo da busca pela compreensão da mortalidade e do gênio humano.

A perda de Mozart pode ser lamentada, mas sua música oferece um consolo eterno. Ela é o legado imortal de um artista cuja voz permanece tão poderosa e relevante hoje quanto era há mais de dois séculos. Ao contemplar o mistério de sua morte, podemos também celebrar a vida e a obra sublime que ele nos deixou.

Recapitulação

A vida de Mozart foi marcada por uma proliferação extraordinária de música que expandiu e transformou os horizontes da expressão artística. Suas últimas horas foram gastas em um estado de sofrimento e busca pela conclusão de suas obras finais, entre elas, a enigmática partitura do “Réquiem”. Ainda que a especulação sobre as causas exatas de sua morte continue, é indiscutível o impacto que sua morte teve sobre o mundo da música. Enquanto conspirações e teorias circulam, os estudiosos buscam decodificar as pistas deixadas por registros históricos. Por fim, o legado de Mozart permanece vivo, transmitindo sua genialidade através das gerações e perpetuando a beleza que ele trouxe ao mundo com suas composições.

Perguntas Frequentes

1. Qual a provável causa da morte de Mozart?

  • A causa mais provável apontada por pesquisadores modernos é alguma forma de infecção bacteriana, como uma complicação do estreptococo.

2. Mozart foi envenenado por Salieri?

  • Não, essa teoria, embora popularizada pela mídia, não tem base factual e é amplamente desacreditada pelos historiadores da música.

3. O que Mozart estava compondo quando morreu?

  • Mozart estava trabalhando em seu “Réquiem” quando adoeceu e eventualmente veio a falecer.

4. Quantas óperas Mozart compôs?

  • Mozart compôs 22 óperas ao longo de sua vida.

5. Existe alguma partitura original de Mozart que ainda não foi executada?

  • Não há relatos de partituras originais de Mozart que permaneçam inéditas ou não executadas até hoje.

6. Como a morte de Mozart foi recebida pelo público na época?

  • A morte de Mozart foi recebida com pesar e como uma grande perda para o mundo da música, embora as circunstâncias de seu enterro modesto e a falta de homenagens públicas possam indicar um certo descaso da sociedade vienense da época.

7. Existem gravações das músicas de Mozart feitas na época em que ele estava vivo?

  • Não, as tecnologias de gravação de som somente surgiram muito tempo depois da morte de Mozart.

8. Por que o “Réquiem” de Mozart é tão famoso?

  • O “Réquiem” é famoso não só por ser uma obra-prima da música sacra, mas também por ser a última composição de Mozart e estar envolta em mistérios referentes ao encomendante e à incompletude da obra na época da morte do compositor.

Referências

  • Solomon, Maynard. “Mozart: A Life”. HarperCollins, 1995.
  • Gutman, Robert W. “Mozart: A Cultural Biography”. Harcourt Brace, 1999.
  • Robbins Landon, H.C. “1791: Mozart’s Last Year”. Schirmer Books, 1988.